quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Faruck como o Vinho do Porto.



A manhã começava fria, o vento soprava nas estevas entoando um sussurro que queimava os dedos, no céu, uma Lua redonda que teimava em ver o Sol, mas que deixava muitas dúvidas quanto a entrada de Galinholas.
O Faruck era o primeiro a sair, sentia nele a vontade de sempre, sentia e mim um tornozelo magoado e que iria seguramente transformar aquela numa jornada penosa.
Comecei pelos cantinhos de sempre mas, como eu antevia as Galinholas não tinham entrado, os locais de crença permaneciam desertos, alegrados apenas pelo esvoaçar dos tordos que saiam das estevas ao passar do cão. Um a um, ia batendo todos os cantinhos conhecidos, numa zona que nunca tinha visto uma galinhola antes, saí-me aos pés um pássaro, meia tapada mas deixando ver a zona para onde se dirigia. Rapidamente chamo o cão para o encaminhar para o local onde achava que estaria o pássaro. Uma zona de estevas com um pequeno pinheiro que, qual informador me indicava a sua presença, só podia estar ali, era demasiado obvio! Não tardava e o Faruck faz tocar o Beeper, ela sai tão rápido que só deu tempo para a errar ao primeiro disparo e acertar no limite do segundo, pois já se ia tapar com um chaparro que mais a baixo via de palanque toda a acção, seguiu-se um cobro e um pássaro pequeno, novo e magro, típico da época.
Não tarda a encontrar-me com o meu sogro, que andava de volta de um pássaro que tinha já errado, parado magistralmente pela sua Setter Aya. Pergunto-lhe se a tinha visto mais, diz-me então que a cadela tinha parado novamente mas como estava sem chocalho ou beeper quando a encontrou estava parada, saiu no rasto mas não viu a galinhola. Vamos então lá ver dela digo-lhe com pouca convicção de a vermos novamente mas, nunca se sabe. No local o Faruck rapidamente fica em mostra, o beeper toca a meia encosta, corro ao cão, ele desarma e sai para ficar numa bela mostra pouco mais à frente, a boca abria e fechava tão ritmado como um relógio suíço, captando o perfume da Dama que lhe entrava de tão intensa maneira que os seus olhos vidravam como sempre, quase enfeitiçado, percebi que estava lá, que estava controlada pelo cão, coloquei-me a gosto, de frente para o cão, sinceramente pensei que ela sairia para o lado direito mas, elas conseguem surpreender-nos mesmo quando não esperamos, pois bem, saiu para cima do cão, muito rápida, hesitei, hesitei o suficiente para a errar ao primeiro e ao segundo, tive receio de acertar no cão, é tudo tão rápido, e vence quem tem a melhor estratégia, venceu ela! Depois foi mais de uma hora que fomos literalmente gozados, ora o Faruck a parava, ora a Aya a parava, sempre sem deixar que nos aproximássemos, ficou lá, linda, virtuosa, e com a sorte do seu lado! Sonharei com ela seguramente!
 
Depois foi procurar mais pássaros com o Don, não demos com nenhuma, apenas ele que me fez correu para um beeper que incessantemente tocava, as dores no tornozelo eram horríveis, indiscritíveis, acerco-me do Don ele entra num mato pequeno e ouço um estrondo, o cão a sair do mato pelo ar e a ganir, saindo de seguida um porco enormíssimo levando com ele todo o mato que se lhe cruzava à frente, o cão felizmente não teve nada mais que um valente susto, o meu sogro ali ao lado ouvia tudo e mesmo sem ver o porco diz-me, “esse era grande!!!” pois era, parecia uma vaca respondia eu.